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São Carlos, SP, Brazil
Fonoaudióloga, CRFa.13.365. Especialista em Motricidade Orofacial pelo Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica- CEFAC, Aperfeiçoamento em Fonoaudiologia Aplicada à Clínica Odontológica pela Faculdade de Odontologia de Bauru/USP, em Voz Teoria, Avaliação e Tratamento das Disfonias/Vozes Profissionais pelo Centro de Estudos Diagnóstico e Reabilitação, e em Fonoaudiologia Escolar Preventiva pelo Centro Universitário Central Paulista. Consultora empresarial (Call Center) em comunicação e Fonoaudióloga Escolar (realização de triagens com devolutivas, e orientações aos pais). PRINCIPAIS ATUAÇÕES: - Interposição / pressionamento de língua nos dentes, - Adequação das funções orais (respiração oral, alterações da mastigação, deglutição e fala); - Alterações de frênulo lingual; - Adequação das funções orais aos pacientes que utilizam prótese dentária; - Ronco (com o objetivo no fortalecimento na musculatura envolvida); - Alterações de leitura, escrita e vocal aos profissionais que utilizam a voz; Consultoria em Comunicação Pessoal (aprimorar a eficiência comunicativa com foco na necessidade do paciente).

26.8.16

“Como avaliar o aluno com dificuldade para ler e escrever? ”. “Como ensinar o aluno com dificuldade para ler e escrever? ”

Prof. Dr. Jaime Zorzi

A pergunta sempre presente na escola: “Como avaliar o aluno com dificuldade para ler e escrever? ”. E a pergunta quase sempre ausente: “Como ensinar o aluno com dificuldade para ler e escrever? ”
O ponto de partida para podermos falar sobre este tema remete a uma questão de crença ou atitude: acreditar que a criança, mesmo com dificuldade, pode aprender. Também se faz necessário pensar sobre os distintos objetivos que são mais enfatizados em cada etapa da escolarização, diferenciando o que se tem em vista nas séries iniciais e depois nas séries mais avançadas.
A ênfase das séries iniciais está voltada para o desenvolvimento de habilidades ou competências fundamentais que servirão de base para todo o processo educacional. Por um lado, busca-se preparar o aluno para realizar cálculos numéricos e, por outro, busca-se desenvolver estratégias para ler com compreensão, assim como habilidades para escrever, de modo a obter uma nova forma de expressão. Assim sendo, a criança estaria “armada” ou preparada não somente para aprender via linguagem oral, sobre a qual já tem certo domínio, mas também pela linguagem escrita. Esta nova forma de linguagem pode ampliar, de maneira ilimitada, o acesso da criança a novos conteúdos ou conhecimentos, que é o que se coloca como objetivo principal das séries mais avançadas.
Portanto, temos uma espécie de seqüência temporal e causal. Mais especificamente, a linguagem escrita, inicialmente, é colocada na posição de objeto de conhecimento, sendo ela, em si mesma, o foco principal da aprendizagem. Neste momento, as situações de aprendizagem voltam-se essencialmente para o domínio do ler e do escrever. Esta nova aprendizagem, por sua vez, passará cada vez mais a desempenhar o papel de permitir o acesso a novos conhecimentos, uma vez que o domínio da linguagem escrita quebra barreiras de acesso às informações. Daqui podemos gerar um jogo de palavras, que pode até mesmo parecer confuso: aprender a ler e escrever para então poder aprender.
Porém, muitas crianças encontrarão vários desafios ou obstáculos para alcançar tais etapas. Algumas já estarão apresentando problemas, inclusive na linguagem oral, o que já é um dos fortes indicativos de possíveis problemas para a aprendizagem da escrita. Para outras, o grande problema será o ler e o escrever correta e fluentemente, com facilidade. Teremos, desta forma, vários perfis de aprendizes e vários graus de dificuldades. As escolas já deveriam estar preparadas para isto. Não há aqui nenhuma novidade ou imprevisto. Dificuldades ou inabilidades fazem parte de toda e qualquer situação de aprendizagem.
Para algumas destas crianças, o acesso ao conhecimento pode estar complicado até mesmo via oralidade. Compreender a linguagem falada pode já se configurar como um processo mais difícil. Para elas, o aprendizado da linguagem escrita em si, assim como o acesso ao conhecimento, via esta forma de comunicação, tenderão a ser mais problemáticos. Outras crianças já apresentam um bom domínio da linguagem oral, estando a compreensão e a expressão dentro dos parâmetros considerados sem alteração. Porém, elas poderão apresentar uma dificuldade acima da média para aprender a ler e escrever. Em muitos casos, a dificuldade de leitura pode prejudicar a compreensão adequada de textos, repercutindo sobre a interpretação e a formação de conhecimentos.
Temos, assim, esboçados alguns perfis de aprendizes. Agora, a questão principal, em relação à vida escolar deles, não deveria recair sobre o “Como é que vamos avalia-los se apresentam alguma limitação em termos da linguagem escrita”. O problema fundamental é a questão “O que vamos nos propor a ensinar, como vamos faze-lo e que resultados podemos esperar, ao longo do processo de ensino?”. Enfim, do que é que ele precisa? Oras, só podemos pensar em avaliação depois de estarem asseguradas as chances e condições para aprender. Se não nos preocupamos com o aprender, se não definimos metas e habilidades de acordo com o perfil do aluno, que sentido faz o avaliar? Serve para confirmar o que já sabemos? Que seu desempenho não está de acordo com o que foi esperado e determinado para os demais? Neste caso, não precisamos avaliar pois já temos respostas de antemão. O verdadeiro desafio é o como ensinar porque, na medida em que alguém realmente aprende, os resultados ficam evidentes em muitas situações e podem ser observados de várias maneiras. Alguém que tenha entendido um certo conceito pode expressar seu conhecimento de modos variados, quer esteja escrevendo ou falando. Novamente, o segredo não é a forma como iremos avaliar, mas sim o que nos propomos a ensinar e o modo como iremos faze-lo para garantir resultados novos.
Para tais crianças, um dos princípios de avaliação deveria ser não aquele de ficarmos descontando pontos pelo que elas ainda não sabem, mas sim adicionar pontos a partir do que estão conseguindo fazer, valorizando o que elas conseguem compreender. Estas crianças devem ser avaliadas pelo que sabem, por aquilo que estão aprendendo, e não por aquilo que ainda devem aprender.

Fonte:https://www.facebook.com/notes/cefac-sa%C3%BAde-e-educa%C3%A7%C3%A3o/como-avaliar-o-aluno-com-dificuldade-para-ler-e-escrever-como-ensinar-o-aluno-co/705283416287570

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